13 novembro 2008

Mais obras no Natal ?!


Manuel Pinheiro - Gerente Comercial - Porto

Tema a que se refere: Obras na via pública


No momento em que escrevo este texto estou numa loja na Rua da Constituição, 267. Fechado. Bem, fechado não... posso sair pelas traseiras ! Passo a explicar. Sou gerente de uma livraria em funcionamento há 14 anos e, desde há 1 ano, instalada na Rua da Constituição, 267 nesta cidade. Há exactamente um ano atrás por esta altura estavam a ter início obras de fundo na rua, com a substituição do pavimento no troço entre a Rua da Alegria e a Praça do Marquês de Pombal. Foram obras que se prolongaram no tempo e que coincidiram exactamente com o período do Natal. Não ponho em causa a necessidade ou utilidade das obras cuja realização aliás cumprimento pois contribuem para a boa manutenção e melhoria da cidade. É porém inconcebível que se agendem obras numa rua comercial, precisamente nas semanas que antecedem o Natal e na própria semana do Natal. Quem, nos serviços, decide este tipo de agendamento certamente não tem em conta os incómodos e os custos que uma obra significa para a actividade criadora de riqueza e postos de trabalho na cidade. Quem decide este tipo de obra não tem em conta - e deveria ter - que a sua realização baixa as vendas no comércio e aumenta os custos pela necessidade de limpezas diárias e pela necessidade de encontrar soluções alternativas para cargas e descargas. Quem decide este tipo de agendamento nunca esteve no seu posto de trabalho a atender telefonemas de clientes irritados com o trânsito de natal a que acresce uma obra executada no pior momento. Não escrevo imbuído de algum sentimento de queixume e de pedido de apoio. Pelo contrário, escrevo no sentido de cumprimentar as obras mas de questionar fortemente o seu agendamento. E mais, de exigir que, quem de direito, seja responsabilizado pelo sucedido. Era necessário agendar obras para todo o mês de Dezembro de 2007 numa rua comercial ? Não poderiam ter decorrido antes ou um mês depois ? E, não seria natural que obras deste tipo, fossem precedidas do envio de uma carta as empresas e moradores da zona onde elas terão lugar? E porém, como se tal não bastasse... chega mais um Natal e novamente a mesma rua está a ser esventrada com obras, os passeios isolados com vedações, poeira ( ou lama ) por todos os lados, os clientes a telefonarem a dizer que não conseguem estacionar, as cargas e descargas que não se podem fazer. E tudo isto a meio de Novembro. Com um cartaz afixado no início da rua a prometer que as obras acabam no dia 30. Que credibilidade terá ? Desta vez não é levantado o pavimento, são obras de infraestrutura no passeio. Mais uma vez as cumprimento: certamente são obras úteis. E porém mais uma vez me indigno: que diabo ! Era necessário agendar obras numa rua comercial em vésperas de Natal em dois anos consecutivos ?! Não haverá outros 10 meses no ano para além de Novembro e Dezembro ?! Há 14 anos morei durante algum tempo na Bélgica onde estudava. As obras lá eram assim: eram distribuídas cartas com mais de 1 mês de antecedência com instruções detalhadas sobre a obra, prazos e plano de circulação de automóveis e peões. No dia marcado a obra começava. No dia marcado, a obra acabava. Ponto. Será que nos custaria ser assim ?
P.S. Este Natal faça compras no Porto! Mas se for à Constituição venha de galochas !