05 novembro 2008

Transparência e Lisura: os salários “principescos” do “nosso” Partido Comunista


Susana Tavares - Técnica de Comunicação - Porto

Tema a que se refere: Salários na CMP


Li com atenção o comentário da Dra. Fátima da Graça relacionado com algumas notícias recentemente vindas a público sobre ordenados na Câmara do Porto. Até certo ponto percebo o seu desabafo, mas não posso concordar com as conclusões tiradas no artigo que assina. Atendendo à sua formação académica, acredito que a sua visão sobre a realidade mediática lhe permitirá perceber que nem tudo o que é publicado na comunicação social é verdade e que esta é muitas vezes utilizada voluntária ou involuntariamente para fins que ultrapassam a simples prática jornalística.

Infelizmente a comunicação social em vez de ser uma fonte de informação é hoje, muitas vezes, fonte de desinformação.

Assim, enquanto pessoa bem conhecedora dos factos, gostaria de esclarecer alguns dos principais pontos enunciados no seu artigo.

1. Antes de mais, não há salários “principescos” na Câmara Municipal do Porto e muito menos superiores ao do Presidente da República, como diz o PCP e alguma comunicação social.

2.A engenheira Raquel Castello-Branco não foi nomeada para gerir culturalmente o Teatro Rivoli; a programação cultural do Teatro Rivoli tem estado a cargo do Sr. Filipe La Féria, que graças à qualidade dos seus espectáculos leva hoje diariamente aquele espaço cultural da cidade cerca de 2000 pessoas por dia.

3. A Engª Raquel entrou para a administração da extinta Culturporto em 2004, com o voto do PCP e sem a participação do actual Vice-Presidente da CMP, que não era Vereador na altura. Com ela entraram mais 4 administradores, dos quais dois executivos e três não-executivos.

4. Foi ganhar o mesmo que ganham os administradores de qualquer empresa municipal, ou seja, 3.250 euros brutos por mês – no tempo do PS, portanto há 7 anos, ganhavam 4.250 euros, o que daria hoje mais de 5.000 euros, com uma actualização de 2,5% ao ano.

5.Quando a Culturporto foi extinta houve uma Comissão de Gestão de 3 pessoas que funcionou durante um ano. Ao fim desse ano, a CMP manteve lá um único representante para fazer a ligação com a autarquia e gerir as áreas que são da sua competência.
A saber:

- Manutenção do edifício
- Segurança do edifício
- Limpeza do edifício
- Recepção e Controlo das receitas que a CMP recebe pelos espectáculos do Sr. Filipe La Féria
- Outros assuntos de menor relevo

6. Esse representante é a Engª Raquel Castello-Branco, que exerce funções em regime de avença, com o mesmo vencimento de 2004, sem qualquer aumento, pago em doze meses. Ou seja, o seu vencimento de 3.250 euros brutos é multiplicado por catorze meses como acontece com qualquer pessoa, mas acaba por ser dividido e pago em doze prestações, por se tratar de um contrato de avença sem qualquer vínculo de permanência na CMP, o que dá um valor de 3.790 euros brutos.

7. Será oportuno referir que, em 2002, a CMP transferia anualmente para a extinta Culturporto, 3 milhões de euros por ano.


Em conclusão:
A falta de seriedade estará no PCP, na comunicação social que alimenta o PCP ou na CMP?