28 julho 2006

Obrigação de optar


Vítor Martins - Engenheiro - Santo Tirso

Notícia a que se refere: Rivoli e Rosa Mota vão ter novo modelo de gestão


Um ilustre agente da cultura portuense teve o cuidado de indicar este comentário numa intervenção sobre a privatização do Rivoli: "Não consigo imaginar a minha vida se tivesse de optar todos os dias entre comer, vestir, comprar um livro, tomar banho ou ir ao cinema, sabendo de antemão que uma escolha impediria a priori a realização de qualquer outra." Acontece que para muitos milhares, senão alguns milhões mesmo de cidadãos deste país, essa escolha é uma inevitabilidade. Há um conceito de economia que adquirimos desde pequenos, o de que os recursos são escassos e que temos que fazer escolhas, e essas escolhas implicam sempre um custo de oportunidade. Quando fazemos uma escolha em adquirir um determinado bem, temos sempre um custo associado. Isto é tão verdade para as finanças particulares de cada cidadão, como para as finanças públicas e para a utilização dos dinheiros que nos saem dos bolsos a todos com muito custo. Mas eu sei que estes conceitos, para uma pessoa de e da cultura não fazem sentido nenhum, mas fazem-no para todos os outros, nós, os incultos, os toscos, os que não vivem nem morrem na ilusão e na convicção de que os recursos são, ou deveriam ser, ilimitados e para usufruto pleno por todos os passantes deste globo.