10 novembro 2006

Depois do Rivoli


João Jobling - Professor - Porto

Notícia a que se refere: Rui Rio acaba com os subsídios


Estou em perfeita sintonia com o novo modelo de gestão, a ser adoptado para alguns dos equipamentos culturais da Cidade do Porto, e também com os cortes nos subsídios. As "elites" mobilizam-se em vigílias quando sentem a sua subsídio-dependência ameaçada, porém nunca se mobilizaram para uma maior participação e desenvolvimento cultural da cidade do Porto, muito para além do espírito de "tertúlia provinciana" entre amigos do Café Piolho a que se resume a produção cultural desta cidade.
No entanto e no caso específico do Rivoli, isso não aconteceu.
A cidade está abandonada culturalmente - pior não poderia estar- porque esses grupos recebem subsídios para produção cultural e não o fazem, ou produzem experimentalismos inócuos e sem público; porém acham-se no direito de se manifestarem publicamente em nome de todos os portuenses. Eu se bem me lembro, não passei qualquer procuração a esse movimento minoritário para me representar. Esta situação teria de acabar, até porque o Rivoli tornou-se um "feudo pesado" da Culturporto e amigos (pseudo-intelectuais subentendido) já do tempo das sucessivas administrações socialistas que “queima” anualmente uns milhões de euros.
Temos agora grupos como o casal que organiza o Fantasporto, a vir a público salientar que o mesmo Festival corre sérios riscos. A imagem que transparece é que eles fazem muito pela imagem cultural da cidade, e nada recebem por isso. O Festival é um evento sem fins lucrativos, pois então.
É muito fácil “fazer coisas” com o dinheiro dos outros, não assumir riscos, e deixar que outros “roam depois os ossos”. Confesso que acho que esta medida deveria ser alargada a outros espaços. Lembro-me que quando estudante da faculdade, muitas vezes pretendíamos organizar seminários e outros eventos no Teatro do Campo Alegre ( gerido pela Fundação Ciência e Desenvolvimento), mas como tínhamos de estar dependentes da disponibilidade e má vontade dos Srs. da Seiva Trupe (que são pagos com os nossos impostos e pouco ou nada pagam pelo TCP); então desistíamos, porque esses Srs. mandavam (e continuam a “mandar”) mais no espaço que a Fundação - como se o mesmo fosse sua e exclusiva propriedade.
Eu não era um admirador do Sr. Rui Rio, mas reconheço que tenho sentido alguma simpatia por decisões que toma, sem ceder a pressões de certas “caciques” já com cheiro a “naftalina”, que não passam de pretensos burgueses, camuflados de activistas culturais. Se estas “elites” regionais, acham que devem ser protegidas, então que invistam nas próprias produções. Sejam empreendedores. Eu fiz o mesmo quando criei a minha empresa. O executivo camarário ao que parece já deliberou, e aos que exercitam jogos de opinião - sobre a (im)possível demissão de Rui Rio - , eu como cidadão do Porto só gostaria de (re)lembrar que o mesmo foi eleito democraticamente e por maioria, maioria essa que continua com ele, e não uns grupinhos frustrados culturalmente que até perdem o bom senso e ocupam o Rivoli.