26 junho 2007

Política cultural - "A excelência do Desempenho dos Serviços Culturais"


Maria Beatriz Marques - Professora da Universidade de Coimbra - Matosinhos

Tema a que se refere: Cultura


Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal do Porto

Numa época em que tanto se fala de excelência, rigor, qualidade, avaliação, é caso para perguntar o que é que se entende por Serviços Públicos e em particular o que se entende por Cultura?
Será que um serviço, designadamente um arquivo, um museu, uma biblioteca, um teatro...pode ser classificado como público, se se encontra "de costas voltadas" para esse mesmo público que o cria, o sustenta e o desenvolve?
Por vontade própria ou alheia, assente em políticas corporativistas ou negligenciando as necessidades e desejos da comunidade envolvente, acaba por constituir uma despesa permanente, sem retorno do investimento que sobre ele recai dia após dia, mês após mês, ano após ano, a qual é perpetuada em nome dessa noção, absolutamente desactualizada de serviço público e de cultura para todos, à custa dos impostos de todos, mas apenas servindo as chamadas "elites culturais".
Servir o público é dar-lhe aquilo que ele quer receber, e não impõr aquilo que se entende ser o que o público deve receber...a partir de pressupostos culturais assentes numa cultura pretensiosa e comprometida.
Felizmente que temos a governar a 2ª Câmara do país, alguém que entende a cultura como uma fonte de receitas, que tem e pode ser rentabilizada de forma a constituir um património de todos e para todos!
Felizmente que temos alguém que luta contra a inépcia dos serviços culturais, justificada em muitos casos pela gratuitidade dos seus serviços e pelos poderes constítuidos que impedem a sua gestão eficiente e eficaz.
Felizmente que temos alguém a associar a excelência do desempenho ao público servido e não às tradições ancestrais que "justificam" a existência de organizações que não são sentidas como importantes por ninguém e que apenas sobrevivem graças à boa-vontade de meia dúzia de pessoas que vivem em seu redor.
Basta olhar para o que se passa em Nova Yorque, para perceber o quão importante pode ser a cultura como fonte de receitas, desde que gerida com critérios de excelência.

Bem haja Sr. Presidente Rui Rio, por esta "lufada de ar fresco" num sector imobilizado e que, a exemplo do que fez com o Teatro Rivoli, consiga rentabilizar os equipamentos culturais da cidade e não os deixe cair no desprezo e no imobilismo a que estão devotados, como por exemplo a Biblioteca Almeida Garrett, a qual ainda está na idade infantil, e já parece estar moribunda por abandono do seu principal mecenas , encontrando-se devotada ao ostracismo em termos de política de gestão estratégica.