31 outubro 2008

Moradias & Prédios


Carlos Amaral - Estudante - Porto

Tema a que se refere: Urbanismo


Caríssimo Dr. Rui Rio e respectivo executivo camarário, Agradeço o facto de a câmara facultar um espaço como este para que seja possível a cada munícipe dar a sua opinião sobre qualquer tema desde que relacionado com a nossa bela cidade do Porto. Sou e sempre fui um interessado seguidor da evolução urbana da cidade e como tal venho aqui demonstrar o meu mal estar perante determinadas situações que considero bastante graves. Gostaria que a câmara me explicasse o porquê de estarmos nesta cidade constantemente a destruir casas (entenda-se moradias) que são imóveis de grande valor patrimonial e ou estético para o município. Os nossos ex-libris já perderam imenso com estas agressões urbanas. Por exemplo, avenidas como a da boavista e do brasil (marginal da foz) já perderam mais de metade do património urbano de que dispunham. Casas espantosas e imponentes deitadas a baixo para erguer paralelepípedos de betão, incaracterísticos da zona e inestéticos quase todos eles. Eu pergunto o que ganhou a cidade com isso. A resposta é mais que simples - NADA. A população cresceu de forma desregulada - exemplo numa área em que deveriam viver 200 pessoas vivem agora 1000 ou mais. Consequências - mais poluição, mais caos no trânsito, menos espaços verdes (pois as casas possuíam grandes áreas verdes), resumindo menos qualidade de vida e descaracterização da zona em termos urbanos. Faço agora outra pergunta. Quanto mais vamos continuar nisto? Até quando estarão salvas zonas de moradias tal como a zona circundante à avenida dos combatentes, grandes áreas de paranhos tal como o amial, aldoar, etc... Estive recentemente com pessoas que estiveram na Croácia e na Eslovénia e lá contaram-me estão a demolir prédios em zonas onde não têm razão de ser pois chocam com a massa residencial de moradias que os circundam. Porque não fazemos isso cá? Se for para demolir as casas e erguer os monstros de betão não há problema. Para proteger as casas, que diga-se embelezam e de que maneira a nossa cidade, parece que nem pensam duas vezes. É altura de actuar em termos de definir zonas exclusivamente para prédios (consoante as suas dimensões) e outras para as moradias. A quantidade de gente que possui moradia e tem de gramar (porque não há outro nome) com os 500 e tal para cima de mirones , do prédio da frente e ou traseiras, quando vai ao seu jardim é insultuoso. Já que há preocupação em demolir coisas como o bairro do aleixo (aplaudo a decisão camarária neste caso) pensem que vai chegar a hora em que o porto perdeu de vez a sua traça porque só se resume a betão moderno mas vácuo enquanto património urbano. O meu mal estar provém disto: quero que a câmara se explique mas muito mais que isso tome acção. Protejam a avenida de frança, a marechal gomes da costa, a antunes guimarães, a rua nova do tronco, as casas de vidal pinheiro, a rua martim moniz, entre muitas outras e por favor tenham a coragem e a decência de serem adultos e dizerem por mais que custe este ou aquele prédio tem de desaparecer, independentemente do processo (leve o tempo que levar), tal como querem que desapareçam as torres do aleixo. Já li neste blogue que muita gente subscreve este pesar de alma. O PDM tem de respeitar tudo e todos os diferentes imóveis. Criem também novas zonas verdes. Mais jardins, mais parques para crianças, jovens e idosos, mais espaços recriativos e amplos. Olhem para os países desenvolvidos como os E.U.A., o Reino Unido, a Alemanha, a Holanda, a Àustria, entre outros e vejam a organização territorial das suas cidades. eles primam pela organização e o seu grande desenvolvimento é fruto disso. Resumindo preservar o Património arquitectónico passado e integrá-lo numa arquitectura paisagística pacífica e embelezadora. Não esquecer que em qualquer cidade digna o subúrbio não deve passar para as zonas nobres. Pelo contrário as zonas nobres é que se devem estender ao subúrbio minimizando assimetrias e tentando integrar a cidade com um todo. A política do betão e do cinzento não pode continuar a regular o nosso núcleo urbano.